Luís Simões, travel sketcher around the world
A primeira paragem
O que seria uma volta ao mundo sem nunca mudar os planos inicias?
Ainda em Lisboa, perguntavam-me se tinha tudo planeado para os cinco anos… só quem nunca viajou sem planos é que pergunta uma coisa destas, ainda assim, sorria sempre e respondia que: sim, existe um rota que não quero fugir mas há sempre espaço para alterar em qualquer momento o próximo destino. Após 5 meses em viagem, decidi abraçar o que a vida me ofereceu há 2 meses atrás, quando o meu coração se prendeu em Helsingborg. Desde então, os meus passos deixaram de andar sozinhos. Percorri caminhos de mão dada ao sorriso sonhador conquistado num dia de verão.
Claro que tive noites de pouco sono. De lágrimas nos olhos. De rosto fechado sem saber para onde ir. De ficar sentado a ver o tempo passar. Tempo esse, que ajudou-me a perceber o que é mais importante quando não podemos ter o que o corpo pede, e enganem-se, por mais fome que tivesse não era uma refeição que queria! Alimentava a mente com desenhos, com pessoas e novos destinos. Mas a mente, inconscientemente, procurava por quem nunca esqueci.
Viajar sozinho e sem limites pode dar nisto: paixões, emoções, saudades, desejos, suspiros, gritos… cabem meses dentro da velocidade normal de um relógio. Foi esta a vida que quis e é isto que me faz estar vivo, longe do que já descobri e sempre perto do desconhecido. Arrisco os caminhos mais difíceis e pouco percorridos. Desafio-me.
Terminam agora duas semanas que mergulhei num amor destinado a ser amado. Um amigo português de aqui, Nuno, disse-me ontem “se tens um pássaro na mão, deixa-o voar. Se ele voltar, é porque a ti te pertence.” E assim lá vou eu, segunda-feira é dia de continuar a WST. Vão ser seis horas de comboio até Estocolmo, 1 hora de mochilas às costas de caminho até à marina e por fim 15h de barco até Tallinn. Será a primeira vez que vou dormir num barco e passar tantas horas em alto mar, vamos a isto!