Luís Simões, travel sketcher around the world

Itália

Itinerário:
27 Fev – Génova
01 Mar – Pisa
02 Mar – Lucca
03 Mar – Florença
07 Mar – San Gimignano
08 Mar – Monteriggioni, Sienna
09 Mar – Montalcino, Roma
Genova – Primeiros choques
Genova tem tantas aceleras como a Holanda tem bicicletas. A diferença está no civismo e organização inexistente no, tão falado, trânsito caótico italiano. Os carros serpenteiam as estradas, quer haja ou não, limites ou regras. Aparecem de onde menos se espera e os travões devem ter graves problemas, porque na verdade só se pára no último instante. É o salve-se quem puder, sempre no limite de se ter um acidente. É uma poluída aventura em hora de ponta, tentar sair ileso.
Genova é uma cidade que desce pela colina, cheia de curvas e contra curvas, algo suja e com recantos muito pitorescos. Quando aqui cheguei, o sol pintava as paredes de amarelo quente e fazia realçar as sombras. As mulheres exibiam os lábios com cores garridas, normalmente, vermelho fatal e unhas a condizer. Fez-me lembrar o norte de Portugal. Será este o principio do charme italiano que me vai fazer apaixonar? Ao certo ainda não sei, mas é bastante fácil ser atraído pela sedução elegante destas «ragazzas».
Preconceitos à parte, os episódios que já assisti de turistas italianos que só comunicam na sua própria língua, falavam por si. Vinha de França com a ideia, que em Itália, também ia ter dificuldades em comunicar em inglês. Fui surpreendido. É verdade que nem todos o falam e muitos dão sempre aquele jeito italiano à pronuncia: «u go ine fronte, den u turne to de rite…» é um mimo. Além disso, quem fala português, chega facilmente ao meio termo do entendimento. Isto levou-me a concluir que França e Espanha, dentro dos países mais visitados da Europa, são os que menos dominam o inglês, onde a França está francamente no topo.
Pisa – O turista
Em Pisa tudo gira à volta da Piazza del Miracoli, considerada como uma das mais românticas. Se o romantismo for definido pela quantidade de fotos que ali se tiram, está certamente no topo da lista. Entre os pombos e turistas, que aparecem sempre a meio de uma foto.
É um mistério de sensações, estar perante a torre mais torta do mundo, iluminada por um magnifico pôr-de-sol e poder desenha-la ao vivo.
Comigo, aconteceu, desde o momento que a vi até ao momento que terminei o desenho, apaixonar-me por Pisa. Mas o mais comum, é tirar fotos, com diferentes perspectivas e escalas. Por mais que saiba que por estar de passagem serei sempre mais um turista, a minha maneira de ver e escolher os locais onde passo não se altera. Não, porque não tiro as fotos tradicionais ou não passo nos sítios emblemáticos, mas porque a pressa é outra. Esta forma de vida que, meio abrasileirada, chamam de mochileiro, leva tempo até o próprio se aperceber que já o é, sem que tivesse dado por isso.
Qual é então a diferença entre um mochileiro e um turista?
Eu diria que está na forma expontânea e descontraída com que se viaja.
Ter tudo organizado, horas para comer, saber onde dormir, seguir os mesmos caminhos definidos por roteiros e ter sempre dinheiro, são as primeiras mudanças no dia à dia de quem anda com a mochila às costas. Entrar na vida dos locais, conhecer a cultura e aprender as suas expressões é a segunda alteração, que afasta do turismo. E por último andar perdido. Segundo a minha experiência, é aqui que se desfruta a melhor parte do tempo, que serve agora, para fazer o que quisermos. Se pensarmos que nenhuma destas formas de viajar, se encaixa no comum turista, muito já estaria explicado. Mas continuando, entre os mochileiros, há quem prefira museus, outros a vida nocturna e a diversão, caminhadas e aventura, escrever e fotografar e depois estou eu, que escolhi desenhar a minha viagem. Cada mochileiro escolhe o tipo de vida que gosta e aí é que está o gozo em encontrar outro viajante e saber o que faz.
Ao fim de um ano, por mais que gostasse de perder o mesmo tempo a partilhar a minha história de viagem com outros mochileiros, torna-se impossível. O interesse salta à vista, em cada palavra que acrescento na narrativa. Isto fez-me refletir que tipo de mochileiro sou eu afinal?
Nesta busca, não queria uma definição que rotulasse a minha vida ou posição perante ela, mas sim algo que explicasse de forma eficaz o que me faz estar a viver assim. Resolvi pensar nas conversas que tive com os amigos que me cruzei durante a viagem, para encontrar pontos em comum e fazer uma lista:
– Todos sentem medo de alguma coisa e no princípio da viagem sentem-se sozinhos.
– Todos querem ter a sensação de liberdade para descobrir outras culturas e ter outras experiências.
– Todos se apaixonaram em viagem, mas são raros os casos em que resultou.
– Todos querem continuar a viajar depois uma de volta ao mundo e recuperarem energia.
– Ainda não conheci ninguém que tivesse desistido a meio da sua viagem.
– Todos tiveram problemas de saúde, mas ninguém sofreu perigo de vida, mesmo que assim pareça quando contam o sucedido.
– Todos gostam de contar histórias, partilhar experiências e locais onde passaram.
– Todos acham que foi a melhor decisão que fizeram na vida.
– Ninguém fala de momentos maus, dizem antes que foram aprendizagens e, em alguns casos, um pouco de desleixo.
– Todos já estiveram ou passaram pelos sítios que passei ou ainda vou passar.
– Todos tinham pouco dinheiro e por isso tiveram que mudar os planos ou fazer alguns sacrifícios.
– Todos rectificaram o excesso de bagagem ao fim de algumas semanas em viagem.
– Todos fartam-se rapidamente da monotonia e rotinas.
Cheguei à conclusão que os mochileiros sofrem todos do mesmo e que se me definisse como um, simplificava a minha história. Porém, o desenho era a única coisa que não ligava com nada. Então para abreviar a coisa, passei a dizer que sou um mochileiro que gosta de fazer uns desenhos turísticos. Desta forma reforço o todos suspeitavam «Eu vi logo que não eras de cá, com essa mochila só podias ser turista. Só é marado é perderes tempo sentado numa esquina a riscar cadernos, já experimentaste a máquina fotográfica?»
Florença – Primeiro contacto Italiano
«Italia, em especial Firenze, vai ser mais uma dor no peito».
Tive hoje este pensamento assim que me despedi de uma das cidades mais fascinantes da Europa.
Mas vamos ao início para fazer sentido. A minha expectativa era alta antes de cá chegar. Todos me diziam que era uma das cidades a «não perder» em Itália. Em poucos minutos, confirmei.
No primeiro dia conheci a Lucia. A primeira Urban Sketcher italiana. Encontrámos-nos na Ponte della Vittoria e daí seguimos junto ao rio, até à Ponte Vecchio (Ponte velha). Andamos por todos os cantos da cidade, desenhamos e acabamos numa típica pizzaria onde só existem três opções de pizza. Dizem os italianos, que a Margarita é a melhor pizza para se perceber se é boa ou não, porque o segredo está na massa e esta é a mais simples. Em Portugal, ensinam-nos a comer pizza com uma mixórdia de ingredientes e diferentes tipos de massa, que só ter três opções foi um alívio para mim. Amarfanhei uma inteira e mais houvesse. Talvez tivesse fome ou talvez fosse mesmo boa. Certo é, que por muita pizza que se coma pelo mundo, a magia começa pela satisfação de escutar italiano. A mão dobra uma fatia ao meio e, com jeitinho, prega-se uma dentada antes que ela caia no prato. A seguir, claro, o clássico pedaço de pizza colado numa bochecha. Acontece a todos. Mas nada de vergonhas, afinal estamos em Itália! Estava aberta a competição da melhor pizza Italiana, com esta a entrar directamente para o top.
O Giorgio é o segundo urban sketcher italiano que conheci em Florença. Ao segundo dia, convidou-me para jantar na casa onde vive, para conhecer de perto a intimidade Toscana. Um grupo de 7 raparigas e 3 rapazes italianos, trataram-me como se fosse um de «la famiglia». Aí chegamos, eu e o Giorgio para nos juntarmos à festa e jantar. Não tinha muita fome, porque antes, já nos tínhamos aconchegado com uma cerveja e «aperitivos» num bar junto à Piazza de Santo Spírito.
Assim que vi, pela primeira vez, esta praça, senti um desejo enorme de a desenhar. Fiquei completamente atraído pela calma, pessoas e luz, a que os guias turísticos devem chamar de local alternativo, eu diria independente. «Aqui neste largo, durante as manhãs, existe um mercado, é muito fixe para se desenhar», informa-me Giorgio. Mas voltando à melhor invenção de sempre, os aperitivos! Especialmente para quem viaja com pouco dinheiro, como eu. Pede-se um bebida e paga-se um valor de quatro a cinco euros. «Chiça, penico!» pensa-se. Mas calma que existe todo um bufet à nossa espera. Pão, azeitonas, carne, massa, sopa… ou seja um tipo sai dali jantado.
Ou pelo menos bem aviado. Foi o caso.
«Não comas muito, porque vamos jantar a minha casa!» avisa-me o Giorgio. Uma tábua de queijos, mais de meia dúzia de garrafas de vinho, pão sem sal (típico desta região), massa, bolo e para terminar a noite, uma pizza no bucho já passava da uma da manhã. Pergunto-me se irá ser sempre assim, ou se já sou eu que contemplo as amizades expontâneas como a melhor coisa do mundo. Florença, ou Firenze, porque aqui se diz, tratou-me de forma especial. Apesar da chuva que nos últimos dias não me deixava desenhar tranquilo, amei a cidade do romantismo.
Roma – Vistos e o Pápa
A minha história em Roma começa com a ida à embaixada Portuguesa para tratar de vistos. Azar ou sorte, estava a ser desmantelada. Pergunto a um italiano, que pela minha presença ali ou por mero acaso, apareceu à porta: «onde fica a nova embaixada portuguesa, sabe?», ao que me responde: «não sei, mas procura nesta rua para a esquerda.»
Aqui apareceu o receio que hoje o dia não ia correr as mil maravilhas, mas ainda assim, toca de vestir o espirito positivo indiano.
Entro na primeira embaixada e pergunto onde mora a nova embaixada de Portugal. Amavelmente, procuram no computador uma forma de lá chegar. «Tens que apanhar o eléctrico, o metro, o comboio e por último um autocarro. Sais mesmo à porta». Dito assim até parece fácil. Tinha tudo para conhecer os transportes públicos de Roma, obrigado embaixada.
Meio-dia e trinta e dois e ainda me falta o comboio e o autocarro. Já levo 2 horas em transportes. Se pensar que a embaixada só fecha às 18h, ainda dá tempo para o que quero.
«Mas e o que é que quero?» pergunto-me enquanto espero.
Esta é mais uma das minhas qualidades: «deixa andar, quando chegar a altura, algo vou resolver. Até lá não me chateio, até porque ainda falta tanto tempo.» Mas o tempo passou e agora vou a caminho de explicar que ando de mochila às costas, deixei o emprego, não tenho ainda viagem marcada, nem local onde dormir, mas quero entrar na Rússia. A isto todos me dizem que «não vais conseguir» e faz-me pensar, mais uma vez, que hoje vai ser uma perda de tempo.
«Aqui só tratamos de vistos de cidadãos que precisem do nosso apoio para obter documentos de identificação portuguesa, não o inverso.» assim me diz uma italiana que trabalha na embaixada portuguesa. Anteriormente já tinha sido atendido por uma segurança brasileira. Pensava eu que ia apanhar por aqui portugueses… digamos que até aqui nada de surpresas, mas pelo menos fiquei com as moradas das embaixadas que preciso de visto.
À noite, voltei a pesquisar mais uma vez sobre o visto Russo.
Entre varias informações esta foi a que me fez recuar «os vistos só serão emitidos no prazo mínimo de 90 dias.» Fiquei na dúvida se tenho que esperar 3 meses ou se o pedido tem que ser feito nos próximos 3 meses.
Outra dúvida agora era o tempo de emissão. Sete dias, três semanas?
Mais outra dúvida era o tempo de espera da confirmação do Hostel?
Perante tanta pergunta, decidi ir amanha à embaixada russa e aí perceber o que me dizem.
O dia seguinte, começa comigo sentado no primeiro eléctrico. Para não variar, apinhado de gente. De repente, um italiano desata aos gritos para o telemovel: «..pedofilo e milionario…no ni son parente, niem padice…». Seja lá o que estivesse a dizer, até os que não percebiam a língua, como eu, estranhavam a atitude. É verdade que volta e meia, salta a tampa aos italianos e começam a falar como se tivessem a discutir. Esta era particularmente agressiva. Aquela gritaria perturbava a minha leitura. Sim, hoje decidi trazer o livro que ando a ler, para me ocupar nos transportes. Algures na minha leitura aparece: “speech is silver, silence is gold” (o discurso é prata, o silêncio é ouro). Faz tanto sentido neste momento, que apetece-me dize-lo em voz alta.
A caminho do metro, formalizo uma pergunta que há muito me pairava na cabeça: porque é que os africanos não assobiam para chamar as pessoas? Serão incapazes ou será cultural? Nem todas as pessoas sabem assobiar, mas neste caso nenhum o faz. Na vez disso, fazem esta coisa de sopro ruidoso como se tivessem a enviar beijinhos. Deixa qualquer um curioso. Isso e perceber que sou atraído por queixos nórdicos, em especial quando olham para mim a perguntar quem sou. Derreto-me ao ver um queixo que me faça lembrar a timidez escandinava. Garanto-vos que quem passa por esses países nunca mais volta a ser o mesmo.
Mas vamos lá aos vistos.
Um tipo que queira obter um visto para a Rússia num país estrangeiro, é como um miúdo que vai enfrentar a professora primaria, sem ter feito os trabalhos de casa. Sei que vou ouvir um sermão, mas ainda assim vou à aula para nao ter falta. É mais ou menos isto que sinto a menos de 400 metros da embaixada.
– Então, pode-nos fazer um resumo do que se sucedeu?
– Após uma primeira parte surpreendentemente brutal do foro futebolístico, na segunda metade do encontro tornaramos complicado o que parecia ser fácil e acabaramos por perder.
Assim diria o mister Jorge Jesus se tivesse que explicar o desempenho da minha odisseia pelo visto Russo.
Fica sempre bem meter umas buchas de futebol em crónicas de viagem.
Ou seja, encontrei um italiano cuja mulher trabalha na embaixada Russa. Nem de propósito! Ela, como a maior parte das russas que já conheci, vestia-se como uma arvore de natal enfeitada e tinha um cheiro a fragrância de lavanda. Mas principalmente, falava fluentemente inglês e explicou-me o principio da desilusão. Mas nao da desistência. Lá teimoso sou eu.
Como, para variar, nao estava no sítio certo para tratar dos vistos, lá segui caminho para o departamento dos vistos que até ficava ali perto. Quase tudo parecia correr bem, até me pedirem um documento comprovativo de residência. Aqui foi a rasteira. A partir daqui nao encontrei soluções. Era uma parede lisa impossível de escalar.
Recorri à policia para me passarem um papel de «passagem pelo país». Mas a inospitalidade e a falta de entendimento foi um desalinho tal, que nada feito. Dizem que nao faz sentido passar uma papel desses e que devia levar antes o papel de onde estou a dormir. No departamento Russo, dizem que não serve de nada um documento a dizer que estou num campismo de autocaravanas e rematam que todas estas dificuldades são para nos fazer ver o que os turistas russos sofrem quando tentam entrar na Europa. Cheira-me que, a partir dali, esta arvore de natal, gira, mas mal decorada, já estava a desabafar comigo.
No meio, chama-me atenção um tipo com duas dezenas de passaportes italianos despachados com o visto Russo. Meti conversa: «como é faço para ter o meu passaporte como esses?» Batido nos esquemas e há anos a trabalhar numa agencia de viagens, diz-me que em Itália não vou conseguir visto. Sugere-me então: «envia o teu passaporte para Portugal e alguém que trate disso por ti.»
Pareceu-me a melhor alternativa, até porque a minha tentativa na embaixada chinesa, também foi um fracasso.
O sacana do documento de residência é pior que atravessar o oceano Atlântico a nado e contra a corrente…
Depois de dois dias nisto, aparece finalmente Roma em desenhos.
É o paraíso para os amantes de história de arte. Mas aqui, as minhas professoras de História de Arte que me perdoem. Eu e a história nunca nos demos muito bem. Nem do presente me lembro quando mais da história. É verdade que foram 7 ou 8 anos seguidos a falar da Idade Média, cúpulas, capiteis, abobadas, arcos, Renascimento, Caravaggio, Júlio César, ninfas desnudadas, fruta da época, vinho, sexo nas termas … espera, acho que não falamos assim tanto de fruta da época. Infelizmente, na última década, todo esse conhecimento, desfragmentou-se. A salvar a situação, estão as carradas de guias, em vários idiomas, de discurso formatado, a repetir, o que os meus professores queriam que eu hoje soubesse.
A aventura em Roma terminou com o Papa Chico.
Foram três horas de penitência debaixo de chuva, à espera da sua Santidade. Mesmo de pés regelados e ensopados em água, ninguém arredava dali. A praça Pietro, à medida que chegava a noite, mais se enchia de gente. Algo nos dizia que hoje, era dia de fumo branco. Era o que se ouvia em todo o recinto, de olhos postos na chaminé transmitida nos ecrãs gigantes. Às 19h sai o dito fumo branco. Tocam os sinos e da-se uma gritaria eufórica. Empurrões e encontrões para chegar o mais próximo da fachada da basílica. Em pouco tempo e ainda a chover, todos os chapeus-de-chuva são fechados, para se observar com rigor, a nova página de história que estava, ali mesmo, a começar. As cortinas abrem-se e as pessoas emocionadas, soltam berros descontrolados. Silencio. Escuta-se o novo papa. Talvez por, finalmente, irmos para casa tirar as meias ensopadas em agua, ou por sabermos que a Igreja passou a ter um líder Argentino, havia uma felicidade contagiante, visível em cada rosto.
Observações (des)interessantes
Andar de barba comprida faz-me pertencer a uma irmandade.
Existe uma espécie de competição saudável entre a malta da barba. Quem tem barba, repara sempre como é a do outro. É inevitável. Mas finge-se que não se olha, apesar de já se ter sido topado.
As pessoas crescem e ficam envergonhadas. Se queremos ver, temos que olhar. Quer seja um bela mulher, ou como é o próximo barbudo.
«O que é que é difícil para uma mãe depois de ter filhos?»
Pimba, vai buscar! Uma pessoa às vezes acha que tem passado por situações difíceis, mas esta frase deu-me que pensar.
Antes de sair de casa, olha para um indiano.
Os indianos são considerados os melhores a fazerem previsão meteorológica em Itália. Considerados por mim, que observo estas coisas bastante (des)interessantes.
Se chove, vendem chapéus-de-chuva. Se faz sol, vendem óculos-de-sol. É certinho. Desde manhã cedo, é vê-los nas esquinas, prontos para nos salvar do problema de apanharmos uma molha até ao autocarro. Ou então adquirir uns óculos, pois afinal vai estar um dia de sol.
Outra coisa: sou da opinião que os indianos são um dos povos mais positivos que conheço. Mesmo sem ainda ter entrado na India, a vasta emigração indiana, já me permitiu perceber um bocado esta gente. É fácil reparar na simpatia de um indiano, a vender chapéus-de-chuva, mesmo estando completamente encharcado e farto de regatear preços o dia todo.
Nunca os vi carrancudos ou a desistirem da labuta.
Mas onde é que está o optimismo? perguntam-me vocês.
Está nos dias em que a previsão saiu trocada mas ainda assim andam a vender chapéus num dia de sol.
Está-se mesmo a ver que aquele indiano ou é um valente optimista ou está na fase terminal de carreira.
Ando constipado e está de chuva, logo assou-me umas 300 vezes por dia.
Surgiu a questão: a malta dos piercings a meio do nariz, como é que se assoam?
Expressões e palavras úteis
É frequente utilizarem a palavra «bu» quando não sabem alguma coisa.
Juntar os dedos como se fosse uma pêra e abanar a mão para cima e para baixo é sinal de «não te metas comigo».
Fare una giratina – dar uma voltinha
Mi dispiace – peço desculpa
Ena, ena!!!
Que consolo, Luís…!
Ele é textos maravilhosos, ele é sketches do outro mundo, ele é fotos catitas…! 🙂
De alma cheia!!!
Many thanks!
Clara
Luís, tenho acompanhado a tua viagem, os desenhos e os textos magníficos, e acho que este post é o mais fantástico de todos. A descrição é viciante e os desenhos de matar de inveja. Um abraco e obrigado pela partilha.
Nelson
Estou adorar…quem me dera fazer essa aventura que estas a fazer.
Sou casada e tenho 2 filhos não posso, mas é um prazer ver-te de dia para dia mais, um sitio lindo fotos e desenhos feitos, com o prazer da descontração do encontro de linhas de representação dos pontos mais atraentes
Acompanhar com a música e bolinhos da terra não estava mal e podes enriquecer,
Com flores com fita-cola
Estou adorar ideias pra ti bjs
Usa também os dourados que tantas igrejas e basílicas italianas estão recheadas
Vivi um ano em Italia, perto de Genova e fiz uma parte do itinerário de que falas neste post – descreveste o cenário de forma fantasticamente real! Apanhas-te o significado della vita italiana num ápice, óptimo observador. E não há mesmo máquina que documente certos detalhes, só o conto 🙂 os teus sketches são fantásticos, adoro as cores e caracterização!
Continua com o bom trabalho sempre de sorriso “in faccia” Parabéns!