Luís Simões, travel sketcher around the world
Quanto pesa a tua mochila?
– Bolas, que me dói as costas e os ombros. Maldita mochila que está pesada! Sei que tenho ai meia dúzia de coisas que podia dispensar, mas ainda assim preciso de quase tudo.
– Quanto pesa a tua mochila?
– Não sei quanto pesa, mas agora que a larguei é que sinto como estou mais leve.
– Experimenta tirar o que tens ai dentro para perceberes se precisas disso tudo.
Despejei toda a mochila e comecei a contar as t-shirts, roupa interior, calças, camisolas, tenis, cadernos, canetas, clipes, pincéis…
– Caneco, não te consigo dizer. disse eu desolado.
Estava tudo ali à nossa frente. Dividido por sectores. Roupa por camadas, mais quente, mais leve. Material de desenho. Não tinha mais que um metro quadrado tudo junto.
– Então, quanto pesa a tua mochila? – pergunta-me outra vez.
– Não sei, uns quinze quilos… é isto que estás a ver! E alguma coisa ficou pelo caminho. – disse eu.
Pegou na mochila completamente vazia e perguntou-me:
– Tens a certeza que tiraste tudo o que estava cá dentro? – Agitando-a, para ver se caía alguma coisa.
– Sim! Está completamente vazia não tenho mais nada.
– Então, mete-a lá às costas. – Disse-me em jeito de ordem e sentou-se.
– Que tal, quanto pesa a tua mochila?
– Assim vazia… deve pesar uns três quilos… talvez, não tenho uma balança dentro de mim.
– Fez-se em silêncio. Levantou-se. Olhou para mim. Colocou-me a mão direita no ombro esquerdo e disse-me:Pois deixa-me que te diga que ainda carregas muitos quilos nessa mochila. Andas a levar coisas que só te pesam nas costas e não te deixam endireitar, rapaz. Eu sei que tens uma vida inteira para conquistar, mas lembra-te de chorar quando não o queres mostrar. Lembra-te de seres tu quando te olhares ao espelho. Não te culpes pelo que fizeste, mas pelo que ainda estás a pensar que devias ter feito, ou mudado. Não carregues tudo o que querias ter dito ou dado e que nunca chegaste a fazer. Se não te pertence, se não te fez bem, se já ficou longe é porque tens que largar. Saber largar, ter paciência e apreciar os pequenos momentos da vida, são coisas que deves meter nessa mochila. Vais ter que os teus ombros vão agradecer.
Refaz a mochila com esperança em ti próprio. Mantém na tua cabeça que tu és o teu destino e que mudarás sempre que não gostas de algo. Lutarás sempre quando te sentires em perigo. Irás decidir e descobrir o teu caminho mesmo que o mundo te queira ver ao contrário. Irás fazer o impossível pois só tu verás que era possível. O que tens hoje nessa cabeça, é o teu passado. No teu peito, no teu coração está o presente e é esse que te fará caminhar. Viajar sozinho e leve é o primeiro passo para nos conhecermos melhor e tu ainda não te conheces assim tão bem.
Isto passou-se ao fim de um dia e meio em viagem entre vários comboios desde Helsingborg até Amesterdão.
Que texto fantástico, Luís!
E deixa-me que te diga… Tu, os teus sketches e as tuas crónicas são imprescindíveis na minha “mochila”!!!
Feliz Ano Novo!!!
Grande abraço.
Clara
Muito obrigado Clara 🙂
É uma alegria sentir a tua força!
2013 será um ano de mudança de continente e com ele mais aventuras, sketches e crónicas. Vamos lá continuar e feliz ano novo!
Nao sei o q dizer perante o q partilhaste aqui. A vida e sem duvida uma viagem e pelo caminho encontramos muitos momentos importantes q nem sempre os identificamos. Felizmente não e o teu caso:) feliz ano !
Linda a tua reflexão Luis, mas com o tempo verás que todos nós carregamos com mais “peso” que aquele que temos capacidade a isso se cham sofrimento, mas também a vida é feita disso. Beijinhos da 2ª prima que te acompanha. Raquel
BELA REFLEXÃO LUÍS TODOS NA NOSSA VIDA TEMOS DE CAR-
REGAR COM MAIS OU MENOS PESO;SÓ QUE POR VEZES HÁ
CERTOS PROBLEMAS QUE NÃO CONSEGUIMOS QUE ELES
ALIVIEM O PESO DA NOSSA MOCHILA,OU SEJA COMO DAR A
VOLTA POR CIMA E ENCARAR A SITUAÇÃO COM GARRA E
ESPERANÇA EM MELHORES DIAS,COMIGO SE PASSA MUITO
ISTO.FORÇA E CORAGEM,POIS AINDA TENS MUITOS QUILÓ-
METROS A PERCORRER E UMA LONGA VIDA A VIVER,CON-
TINUA COM TEUS BELOS SKETCHES POIS NADA MAIS SALU-
TAR DO QUE PUDERMOS FAZER AQUILO QUE GOSTAMOS.
ANTÓNIO VINHA
(ARTISTA PLÁSTICO)
Sinto uma admiração incrível por pessoas q são capazes de largar tudo e perseguir os seus sonhos e com isso tambem para se encontrarem a si próprios fazendo q com a partilha dessas experiências estejam de alguma forma a ajudar outros q apesar de nao terem essa coragem, disponibilidade ou por qualquer outro motivo…
A minha mais sincera admiração e respeito… E continuação de boa viagem… 😉